O GOVERNO JUSCELINO KUBISTSCHEK - Texto e vídeo
A conturbada escalada ao poder de
JK
Com o suicídio de Getúlio Vargas
em 1954, a União Democrática Nacional (UDN) - corrente política aliada aos
militares e fortemente opositora do governo varguista - viu frustrados os seus
planos de realizar um golpe de Estado e tomar o poder. A atmosfera política
nacional tornou-se muito instável a partir disso. Porém, apesar de os rumores
de um assalto ao poder pelos udenistas terem se alastrado durante todo o ano de
1955, as eleições presidenciais desse período ocorreram normalmente. É aí que
surgiria a figura de Juscelino Kubitschek, ex-governador de Minas Gerais, que
se candidataria à presidência pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB). Juntamente com o candidato a vice João
Goulart, JK venceria os adversários da UDN, os candidatos general Juarez Távora
e Milton Campos.
Contudo, o presidente eleito não
assumiria o cargo em um processo sucessório tranquilo. Isso porque, enquanto
não chegava o momento de sua posse, haveria uma tentativa de golpe por parte
dos udenistas. Em novembro de 1955, Café Filho, que havia assumido temporariamente
a Presidência por conta da morte de Vargas, teve de ser afastado do cargo por
motivos de saúde. E nesse meio tempo, enquanto o presidente da Câmara, e aliado
dos golpistas, Carlos Luz, iria substituí-lo, a UDN e setores da
marinha/aeronáutica tentaram tomar o poder. Entretanto, eles não tiveram êxito,
pois o ministro da Guerra, o general Teixeira Lott, antecipou-se aos udenistas,
depôs Carlos Luz e entregou o governo a Nereu Ramos, presidente do Senado. Com
isso, o general Lott garantiu o direito à posse de Juscelino Kubitschek,
que iria enfrentar e vencer ainda mais duas tentativas de assalto ao poder
durante seu governo.
O posicionamento político de
Juscelino Kubitschek
Segundo os historiadores
especializados no governo JK, este último teria representado um período
politicamente estável do Brasil, em que a democracia liberal pôde se manifestar
através de uma liberdade política e de expressão. Entretanto, esses estudiosos
lembram que essa relativa estabilidade só foi possível porque Kubitschek buscou
sustentar, ao lado de uma posição inovadora quanto ao desenvolvimento econômico
do país, uma aliança política conservadora, que satisfazia os interesses da
classe média tradicional, da burguesia comercial e da oligarquia rural.
Assim, pode-se dizer, de
maneira bem geral, que o governo JK buscou conciliar uma política modernizante
com outra de caráter conservador.
Além disso, ao mesmo tempo em que
soube atrair o apoio da classe empresarial, JK tolerou as ações dos comunistas
e controlou as reivindicações sindicais, apoiando os trabalhistas por meio de
seu vice, João Goulart.
O desenvolvimentismo e o Plano de
Metas
"50 anos em 5" foi
o grande lema do governo JK, uma vez que nesse contexto a sociedade brasileira
estava marcada pela ideologia da superação do atraso econômico e do rápido
avanço industrial do país. Ou seja, na mentalidade da década de 1950, o Brasil
deveria superar rapidamente sua condição de país subdesenvolvido através de uma
política desenvolvimentista, isto é, de um projeto dirigido pelo Estado com o
objetivo de modernizar o país e equipará-lo aos países plenamente
industrializados. Portanto, a criação do Plano de Metas de JK só foi
possível graças a um processo histórico no qual o Brasil estava, gradualmente,
deixando de ser predominantemente agrário-exportador e se tornando um Estado
industrializado. Esse Plano apresentava metas que deveriam ser cumpridas
entre 1956 e 1961 e deveriam atingir as seguintes áreas: educação, alimentação,
transporte, energia e infraestrutura/indústria de base.
Tendo em vista fomentar o
desenvolvimento do país, JK também abriria o país ao capital internacional,
transformando este último em um sócio do processo brasileiro de
industrialização. Assim, é a partir dessa época que cerca de 400
multinacionais começam a se instalar no país, destacando-se principalmente as
do ramo automobilístico. Essas indústrias traziam capital e nova tecnologia para
o Brasil e, em troca, lucravam muito com a mão-de-obra barata que encontravam
aqui. Além disso, o governo também investiu na expansão das usinas
hidrelétricas; na abertura de novas rodovias que integraram regiões até
então isoladas umas das outras; na expansão da indústria do aço; na instalação
da indústria de construção naval, etc.
Algumas consequências do modelo
desenvolvimentista
Embora o país tenha progredido na
ampliação de sua infraestrutura e o projeto de avanço na industrialização tenha
sido bem-sucedido, também surgiriam problemas sociais decorrentes das
medidas econômicas implantadas durante o governo JK. A longo prazo, a
instalação de multinacionais e o aumento de ofertas de emprego acabou por gerar
uma migração interna que, por sua vez, ocasionou um inchaço urbano
desordenado em algumas regiões do Brasil. Ou seja, o crescimento não
planejado das cidades fez com que a demanda por serviços públicos crescesse
exponencialmente e saísse do controle das autoridades públicas. Com isso, as
pessoas que saíram do campo em busca de um emprego melhor nas indústrias
tiveram de se deparar com uma situação subumana nos grandes meios urbanos. E nos
meios rurais também haveria uma crise, pois não houve investimentos do governo
nessas regiões. A ausência de uma reforma agrária e o crescente êxodo rural
tornaram a situação ainda mais complexa, provocando tensões que dariam origem
aos movimentos reivindicatórios das Ligas Camponesas.
O crescimento da inflação e o
aumento da dívida externa também foram algumas das heranças nefastas do
desenvolvimentismo e da consequente subordinação do capital nacional ao
estrangeiro. A partir daquela época, os preços dos bens de consumo começaram a
subir sem a contrapartida de um reajuste dos valores dos salários dos
trabalhadores.
O significado político da
construção de Brasília
A construção da futura capital do
Brasil se tornou uma das metas mais representativas do governo JK, simbolizando
uma utopia nacionalista de modernização e integração do território brasileiro,
de acordo com o ideário do desenvolvimentismo. Tinha-se como objetivo fazer
coincidir o centro político-decisório do país com o seu centro geográfico,
representado pelo Planalto Central. Ao transferir a capital federal do país da
cidade do Rio de Janeiro para a região central do país, até então praticamente
isolada do restante do território nacional, Kubitschek criou um projeto
que pretendia representar a diminuição do atraso e das disparidades regionais
do Brasil. Arquitetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, Brasília foi
oficialmente inaugurada em 21 de abril de 1960, o que também não deixa de ser
simbólico, visto que essa é a data da morte de Tiradentes. Para os ideólogos do
governo JK, a interiorização da capital federal era o alcance de uma meta-síntese por
parte da nação, pois ela seria uma imagem monumental do desenvolvimento e da
autonomia conquistados pelo país. Contudo, apesar de ter estimulado o
povoamento da região Centro-Oeste e a construção de rodovias importantes que a
ligassem a outras regiões do país, não se pode esquecer que ela contribuiu para
o aumento dos gastos públicos e, por conseguinte, para o endividamento do
Estado.
BIBLIOGRAFIA
GOMES, Ângela de Castro (org.). O
Brasil de JK. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1991.
MARANHÃO, Ricardo. O Governo
Juscelino Kubitschek. São Paulo: Brasiliense, 1994.
REIS JÚNIOR, Reinaldo de Lima.
Cidade, Trabalho e Memória: os trabalhadores da construção de Brasília
(1956-1960). Rio de Janeiro: E-papers, 2010.
Agora que você já leu o texto assista ao vídeo e saiba mais sobre o governo JK
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